sexta-feira, 19 de setembro de 2014

nem cinco minutos guardados

acendo um cigarro antes de dormir.

esse seria o momento em que eu ficaria rolando na cama de um lado para o outro pensando novamente, assim como passei o dia inteiro pensando, porque eu faço as mesmas coisas comigo mesma e ainda espero que a vida um dia seja legal e faça algo diferente por mim. nunca vai acontecer. enquanto eu continuar repetindo os mesmos padrões de relacionamentos (amizades, profissionais, familiares e amorosos), as coisas vão continuar acontecendo da mesma forma.

qual é o seu problema, ana paula? você tem tanto ódio de você mesma que precisa sempre procurar as relações mais destrutivas, aquelas daonde o outro sai muito bem e você sai acabada?

penso em mudar. amanhã farei tudo diferente. amanhã eu vou sorrir para um estranho, amanhã eu vou procurar uma nova agência para trabalhar, amanhã eu começo um curso, amanhã eu vou procurar meus velhos amigos para tomar uma cerveja e rir da vida, amanhã vou ligar para os meus pais e dizer apenas que estou com saudades, amanhã eu vou te dizer não. mas amanhã, quando eu acordar, eu não vou sequer conseguir levantar da cama. a exaustão que tem sido viver minha rotina não me deixará levantar de imediato. então eu acordo sempre duas horas antes de sair pro trabalho, para dar tempo de lamentar a vida e aceitar o destino.

incrível como eu sempre acabo sendo atraída para aquilo que não posso ter.

talvez eu esteja cansada também de ser alternativa e não ter alternativas. eu estou sempre ali, pronta para ajudar quem precisar. estou sempre disponível para ser um ombro amigo. estou sempre respondendo suas mensagens na hora que elas (raramente) chegam. estou sempre dizendo sim quando pergunta se eu topo alguma coisa. porém eu não posso pedir ajuda, não posso ter meu ombro amigo, as mensagens são respondidas dias depois (quando são) e nunca, nunca, nunca tem ninguém disponível.

é tudo tão merda que eu não sei nem porque ainda estou acordada.

lembrei: tenho medo de começar um incêndio sem querer. apago o cigarro e espero a última brasa se apagar no meio das cinzas. levanto e me deito, fecho os olhos para tudo e volto a ter esperanças.

amanhã é um novo dia.

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