sábado, 5 de dezembro de 2009

Valores

A gente vive num sistema capitalista, então estamos acostumados a dar valor a tudo. Tudo tem um preço, e se não tem, a gente vai lá e bota um preço. Estamos tão intrincados nessa rede de valores que até aquelas coisas que o dinheiro não compra, a gente equivale a alguma coisa. Coloca um preço, em sentimentos, em ações, em palavras, em tudo. Tudo tem um preço, mesmo que não seja financeiro.

Eu vou até sua casa, se você tiver cerveja gelada. Eu faço a sua parte no trabalho, se você me ajudar a conseguir tal coisa. Eu te ajudo a resolver o problema X, se você me ajudar a resolver o Y. Eu vou no cinema contigo, se você comprar meu ingresso. Eu tomo essa cerveja horrível, se você pagar uma porção de batata [batata de novo? é, batata de novo, algum problema?].

São preços simbólicos, alguns até envolvem um certo problema financeiro também, mas não damos o nosso preço pensando em quanto vai custar para a outra pessoa fazer o que estamos pedindo. Aliás, QUASE NUNCA NA VIDA a gente pensa no quanto vai custar ao outro. Como bons seres humanos que somos, pensamos mais em nós mesmos e na nossa própria satisfação, do que em satisfazer a nós e aos outros.

Talvez o mundo fosse um lugar mais justo e mais bonito de se viver se pensássemos um pouco no quanto custa aos outros fazer aquilo que pedimos. Sabemos apenas que não custa nada pedir, e talvez fosse melhor se os preços fossem realmente equivalentes. Custa tanto para quem pede quanto para quem paga. Mas né?

Vivemos no capitalismo, e aí que até nas relações humanas alguém sempre tem que sair ganhando. Acontece que em algumas trocas, em alguns pedidos e em alguns pagamentos, nós nem sempre percebemos, mas todos saem perdendo.

O que é uma pena.

9 comentários:

Sardinha Mestre disse...

O mundo não é justo....

somos pessoas que adoram fazer os outros se sentirem bem. E achamos que seremos valorizados por isso, mas a verdade é q nunca ngm da valor pra qm é bonzinho. Bonzinho só se fode.

Andarilho disse...

Bem-vinda ao mundo.

"Ernest Hemingway escreveu certa vez: 'O mundo é um lugar bom, e vale a pena lutar por ele.' ...concordo com a segunda parte." - Detetive Sommerset

Eu não concordo com as duas partes.

Ana P. disse...

Gerundino: não é nem questão de querer que os outros fiquem bem, mas... é questão da gente ACHAR QUE SABE o que é que vai fazer os outros se sentirem bem. E fikadika, se a gente não perguntar, a gente nunca vai saber.

Andarilho: Eu não sei se vale a pena lutar pelo mundo, o mundo em si. Sei que pela humanidade, de boa, eu já desisti.

Anônimo disse...

Eu prefiro classificar isso como uma eterna rede de chantagens!

Chico Mouse disse...

Nossa...

Às vezes, até quando a gente faz algo "de grátis" pra alguém, a gente meio que não tá fazendo tão de graça assim. Tipo... "vou fazer isso pra você, porque EU vou me sentir bem com isso..."

Putz! Meio Nietzcheano isso que eu falei... esquece, tô doido. :P

Ana disse...

Bom te ter de volta! Agora é minha vez de dar férias pro blog....rs
Beijão

Carina Carvalho disse...

Hum...não acho que TODO mundo dá certo valor a TUDO não...
Tudo bem que boa parte das coisas acontecem assim. Mas tem tantas outras invisíveis que estão definitivamente imunes a isso... Como alguns sentimentos.
Enfim, creio que haja exceções sim. Tem coisas que são limpas demais por si só e não se deixam etiquetar com valores.

Ana P. disse...

Cayan: classificar como for, somos seres humanos que cagam pros outros e queremos mais é que a gente se dê bem. Doa a quem doer.

Chico: nada, absolutamente NADA nesse mundo é de graça. É feito por fazer. A gente sempre quer ganhar algo com tudo.

Ana: é, férias da facu, de volta pro blogue! Aproveite bem as suas! ;)

Carina: Sentimentos são de graça? hum, tenho minhas leves dúvidas. A gente ama esperando algo em troca. Conheço ninguém altruísta a ponto de amar só pro outro ser feliz. E consigo facilmente aplicar valor para qualquer sentimento. Que é o que todos nós fazemos. Não é feio e repugnante em todos os casos.

Mas em alguns machuca, dói demais, e quem põe o preço às vezes nem percebe o quanto machucou.

Carina Carvalho disse...

Continuo achando que não é o que TODOS nós fazemos. Não disse que é feio e repugnante. É perfeitamente normal.

O que eu disse é que em alguns casos (ainda que raros) acredito que são de graça sim.