quarta-feira, 9 de junho de 2010

Com tanto artifício assim, é difícil ser você mesmo

Tem uma forma de mim que é das mais chatas, críticas, dramáticas, cheia de mimimi, reclamona, insuportavelmente INSUPORTÁVEL.

Tem uma outra forma de mim que é enigmática, um outro jeito de dizer... quieta. Deveras silenciosa. Não fala nada, não fala sobre nada, não comenta sobre nada, não QUER. Essa é a parte principal. Ela simplesmente não quer.

Tem a forma tô-me-achando. É a sexy, a inteligente, a simpática, a bonita e cheirosa, a sociável, a bem-sucedida. A que não deve nada a ninguém e que não dá satisfações, explicações ou outros ões que a sociedade exige.

Tem a louca divertida, que faz todo mundo rir só com a própria risada. Que ri de qualquer coisa, a qualquer momento, seja a hora que for. Que fala um monte de besteira e é super engraçada, pra fazer os outros felizes nem que seja por alguns instantes do dia.

Tem a forma amiga-pra-todas-as-horas. Seja qual for o seu problema, a sua dúvida, as suas lágrimas, liga, que essa minha forma estará disponível pra você.

Tem uma forma de mim... e essa é a que eu menos gosto.

É a forma de mim que se fecha, que não conta pra ninguém o que há de errado, que não compartilha, que não consegue mais rir, nem reclamar, nem nada. A que não tem vontade sequer de não querer. A forma de mim que quer ficar deitada na cama olhando pro vazio, acordando a cada duas horas apenas para mudar de posição no sono. A que não vê graça em viver, mas não quer tirar a própria vida.

A forma de mim que não tem amigos, e desfaz os poucos que existem.

A forma de mim que eu não sei explicar como, porque, onde, quando ou quem.

A forma de mim que quer sair daqui, mas não sabe por onde começar.

*

E a forma de mim que quer pedir perdão por ser tantas tão confusas quanto a uma.

9 comentários:

Carina Carvalho disse...

Acho que como a arte, nós todos somos uma mera representação da realidade, da nossa realidade.
O desenho de uma flor não é uma flor, é um desenho, é a representação que surge do ponto de vista de uma pessoa; suas formas não são você, são uma representação do que você é, tem, sente e pensa.
Então ser você mesmo - sob a ótica do outro - não é difícil, é impossível (eu acho). E os artifícios não são isso, na verdade. São só 'formas de divulgação' de você, escolhidas de acordo com a conveniência da situação.

ai, tô tonta. -.-

Andarilho disse...

Sabe a forma que vc vai ser hoje? A que vc escolher.

É foda ser legal às vezes, mas É uma questão de escolha. Só que escolher ser ruim é bem mais fácil.

E toma cuidado com quem vc preza. Como tudo na vida, as pessoas e relações são cultivadas. Uma hora, pedir perdão não vai bastar.

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Oi Ana Paula,

em mim também tem muitas, mas, tento ao menos me manter uma kkk

bjs

Beatrix Kiddo! disse...

Eu não tenho nada que escrever aqui, mas estou cada vez mais orgulhosa de mim mesma por ter te apresentado a Superguidis.

De nada! [Esse é comentário do meu eu-egocêntrico]

Sardinha Mestre disse...

Se fosse fácil ser nós msm todo mundo seria :p

Éverton Vidal Azevedo disse...

Hahahahah.
Mas comentando o título, "isto" é você né.
Me identifiquei nisso aqui: "A forma de mim que não tem amigos, e desfaz os poucos que existem." Ai, ai.

Bj.

(e obrigado pela explicaçao lá da letra do Frejat e link do Victor Hugo)

Ana P. disse...

Carina: uma representação, e na hora que representar cansa, como saber o que é ser?

Andarilho: "uma hora pedir perdão não vai bastar". Eu bem sei, pq se tem alguém que eu mesma não perdoo mais soy yo.

Albuq: não me chame de Ana Paula, parece que vc tá brava comigo, hahahahahahahahahahahaha! Eu já tentei manter uma, mas ela é louca, num dá certo.

Beatrix: Obrigada, loka. Cada dia uma música diz um pouco mais de mim.

Gerundino: e quem disse que é mais fácil ser o outro?

Éverton: caminhando e cantando e desfazendo vidas e amores, é assim que é e é assim que sempre vai ser no mundo

À Espera de um milagre ruleia minha vida.

Pedro Hijo disse...

acho que é esse combo de personalidades que faz a gente ser quem a gente é. o que cativa os mais espertos. :)

Ana P. disse...

Mas são muitas, Pedro! Umas duas ou três, eu suportaria. Todas essas... quer dizer... tem que definir uma hora!

Ou não, pq eu li esse post hoje e já pensei "nossa que menina chata e dramática"

Um beijo pra mim e pra minha esquizo.